segunda-feira, 20 de julho de 2009

TEMPOS DE CRISE

O nosso mundo é experimentado em crises. Não é o que parece, quando vemos a grande estranheza com que as pessoas, em todo o mundo, parece, encaram o estado da economia e das finanças actual. A história bíblica regista várias e variadas crises que atingiram o mundo no longo período que contempla.
Não foram apenas as outras nações, as gentias, que enfrentaram crises, também o povo conhecido como de Deus passou, no seu próprio território, por inúmeras situações críticas que resultaram em depressão e paralisação quase total. Um relato encravado no segundo livro de Reis, no início do capº 4, dá-nos a apreciar um quadro emocionante. Uma mulher, não uma estrangeira, mas uma das filhas da terra de Israel, ficara viúva de um dos filhos dos profetas, nome por que eram chamados os discípulos daqueles grandes homens que lideravam o movimento dos que criam em Deus e falavam por Deus. Grandes profetas tinham cumprido ministérios ungidos entre o povo de Israel. Elias havia sido recolhido no céu através de um carro de fogo, não deixando rastos, salvo a sua capa, que deixou cair sobre seu companheiro Eliseu, mais novo do que ele, simbolizando a transferência para este da respectiva linhagem. Eliseu, com fidelidade irrepreensível, dava seguimento à missão de embaixador do Senhor Jeová entre Seu povo.
A mulher, dizia, sobrevivera a um marido aprendiz de profeta, menos cuidadoso ou vítima da situação, que não só deixara a viúva, mas órfãos e dívidas. A nota mais triste na história, contudo, acontece quando o credor bate à porta, entra pela casa adentro, sem esperar convite e exige a entrega das crianças para serem conduzidas à praça onde, vendidas, haveriam de render o necessário para saldar o débito. Alguém resumiu, assim, o caso desta desditosa: “viúva, símbolo de fraqueza, devedora, destituída de tudo e em perigo de perder até o que tinha, os filhos”. Nela está personificada a massa da humanidade na sua grande necessidade.
O pior na vida, não é enfrentar crises ou ter de resolver problemas. O pior é não ter, ou não saber, para onde se virar. Não foi, felizmente, o que se passou com a viúva dum dos filhos dos profetas. Muito tranquilamente, na hora do grande aperto, cheia de uma simplicidade à primeira vista ingénua e de uma confiança fundada na prática da fé, lá vai ela ao digníssimo homem de Deus, em busca do almejado desaperto. É a pessoa certa, numa hora incerta.
Declara-me que é o que tens em casa, diz-lhe o homem de Deus experimentado em soluções de crise. E quando ela passa em revista a despensa e os cantos da casa toda, não encontra coisa alguma. Ela confessa: “nada”. Este é o teor do inventário que cada ser humano sincero e honesto preenche quando encara a questão séria de “o que darei pelo resgate da minha alma?” A única resposta possível, séria e ponderada, só pode ser “Em mim não habita bem algum” – apóstolo Paulo.
No entanto, a mulher lá encontra, escondido num recanto esquecido de sua memória, algo que há muito deixara de fazer sentido, pela sua exiguidade. “Uma botija de azeite”. Pouco, mas o bastante para, nas mãos do profeta, se transformar em manancial. Todo aquele que, pela fé no trabalho sacrificial de Jesus, no Calvário, se abeira de Deus, em arrependimento e se confessa destituído de méritos, ganha um manancial de graça do céu que jamais se acaba (João 4:14).
Pede vasos emprestados, vazios, não poucos”. Enche-os de azeite. Depois vende o azeite envasilhado. Paga a dívida e vive do resto, tu e teus filhos. E assim se consuma o milagre.
As bênçãos de Deus não são incondicionais. Sem fé, ninguém encontra Deus. Sem fé, ninguém consegue ajuda de Deus. Sem obediência à ordenação divina, todo o potencial inesgotável de recursos que está ao nosso alcance permanece desaproveitado. A mulher exerceu a fé. O profeta não impôs limites. Enquanto houve vaso, o azeite fluiu. Acabando-se os vasos, o azeite parou. Parou, mas não acabou. Parou porque não havia mais vasos vazios disponíveis. Deus só é limitado pela falta de vasos vazios disponíveis. O homem é vaso que deve estar vazio e disponível para Deus. Se esta condição se verificar, o fluxo da graça de Deus não pára, trazendo benefício aos necessitados, varrendo diante dele toda a crise. Se faltarem vasos vazios, estanca-se a graça de Deus e não haverá beneficiados.
Por que não nos esvaziarmos de tudo: da nossa sabedoria, da nossa bondade, da nossa moralidade, da nossa intransigência, da nossa presunção toda, e nos colocarmos à disposição do Todo-Poderoso, para que Ele nos encha do Seu Espírito Santo, o azeite da santa unção? Pela fé tornar-nos-emos em fontes de bênçãos.
Onde houver um coração desejoso e que se esvazie, haverá uma contínua fonte de salvação plena fluindo.

Sem comentários: