Quase 800 anos antes de Cristo, Miquéias foi enviado por Deus para pregar aos descendentes de Abraão. A mensagem era uma mensagem de juízo. O profeta explicou os motivos do castigo que Deus prometia trazer sobre o reino de Israel (Norte) e, mais tarde, sobre Judá (o Reino do Sul). A ênfase da pregação de Miquéias era sobre a justiça social e a vida espiritual.O povo devia praticar a justiça, amar a misericórdia e andar em humildade diante de Deus (6:8).
Como em muitas outras ocasiões, o povo fez pouco caso da Palavra de Deus: quanto mais o profeta proclamava que Deus queria ver o Seu povo arrependido e tomando novo rumo, mais surdos se faziam. No auge do desgosto, Deus afirmou: “Pereceu da terra o piedoso e não há entre os homens um que seja recto …. As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente” – Miquéias 7:2-3.
Uma outra expressão do desgosto do Senhor pela falta de piedade do Seu povo encontra-se nestas palavras sombrias do versículo 10 do capítulo 6 “ainda há, na casa do ímpio, os tesouros da impiedade”. Negócios desonestos, enriquecimento por meios pecaminosos…
Há dois princípios que são de importância extrema para quem quer que seja que pretenda aproximar-se de Deus e andar com Ele em comunhão: o princípio do arrependimento e o princípio da restituição.
O arrependimento é a porta de entrada no reino de Deus. Ninguém pode ser cidadão do reino celestial e viver conforme as regras mundanas. “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”, era assim que João Baptista, o preparador do caminho de Jesus Cristo, o Senhor, anunciava a chegada do reino de Deus àqueles que o buscavam para serem por ele baptizados. Mais tarde, Paulo anunciava: “se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo”. Deus quer transformar nossas vidas. Os discípulos de Jesus Cristo são caracterizados por uma nova vida, uma vida transformada, vida que denote mudança da mente. É isto que quer dizer arrependimento. Paulo ensina que a mente natural não compreende as coisas de Deus. Nós temos a mente de Cristo, porque recebemos Cristo em nossas vidas e fomos baptizados com o Seu Espírito Santo; por isso entendemos as coisas de Deus, vivemos para as coisas de Deus, buscamos “as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus”, e deleitamo-nos nelas, “porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.
As nossas vidas não seguem mais as normas de uma sociedade corrupta, pois os servos do Senhor são imitadores da santidade de Deus (1 Pedro 2:14-17). Paulo incentivava o jovem Timóteo a fugir das paixões da mocidade e a seguir “a justiça, a fé, o amor e a paz” (2 Timóteo 2:22). O segredo é “tomar a cruz”, deixar-se crucificar com Cristo para que Ele viva em nós (Gálatas 2:19,20). Cristo se encarnou, tornando-se Deus-Homem. Ele continua encarnado em cada verdadeiro cristão, o qual oferece o seu corpo para morada de Seu Espírito Santo, dando continuidade ao Seu ministério começado “nos dias da Sua carne”. É assim que a vida de cada discípulo de Cristo se torna numa reprodução, na imitação de Cristo.
Também os tesouros do pecado devem ser abertos e esvaziados. Há tanta coisa a deitar fora, amontoada nos dias da vida devotada ao pecado. Devoções equivocadas, conceitos errados, prazeres aberrantes...; antes tesouros, agora refugo. Alguns queimaram ídolos e os reduziram a pó, outros destruíram bibliotecas inteiras (Actos 19:18-20), fitas gravadas, Lps, Cds, revistas, jornais, etc. Relacionamentos são restabelecidos. Dívidas são pagas. Lucros são repartidos com equidade. Avarentos e roubadores transformam-se em generosos e repartidores. Zaqueu foi categórico: “dou metade dos meus bens aos pobres e, … restituo quadruplicado”. Não ficou tristeza no seu coração, antes, inundou-lho a alegria da salvação.
A comunicação com os santos é um dever e uma necessidade de expressão de todo o coração tocado e transformado pela graça salvadora de Deus, em Cristo. Em que consiste, ou o que é a comunicação dos santos? Não tem nada a ver com a comunicação entre mortos e vivos, o que é, definitivamente, uma impossibilidade, conforme o ensino bíblico. Comunicação dos santos é o auxílio mútuo que há entre os cristãos ou domésticos da fé (Romanos 12:13, Gálatas 6:10; Tiago 2:15,16; 1 Coríntios 16:17). A comunicação dos santos expressa-se em obras de misericórdia, que os cristãos devem incluir na sua vida prática, tais como:
• Dar de comer a quem tem fome – Mateus 25:35
• Dar de beber a quem tem sede – Mateus 25:35
• Vestir os nus – Mateus 25:36
• Dar acolhimento aos estranhos – Mateus 25:35
• Assistir aos enfermos – Mateus 25:36
• Visitar os presos – Mateus 25:36
• Dar bons conselhos – Colossenses 3:16
• Ensinar os ignorantes – Colossesnses 3:16
• Corrigir os que erram – Colossenses 3:16
• Consolar os tristes – I Tessalonicenses 4:18
• Sofrer os outros, com paciência, perdoando as suas faltas – Colossenses 3:13
• Orar pelos outros – Tiago 5:16
(Catecismo Nazareno, págs. 38,39, 3ª Edição, Junho de 1986,
Editora Nazarena, S.Vicente, República de Cabo Verde)
Devemos pedir a Deus a humildade de Cristo para aceitarmos e aplicarmos todos estes ensinos e cumprirmos os requisitos que são características de corações transformados pelo sangue de Jesus Cristo. Quando Miquéias pregou, muitos ouviram, mas não agiram. Não queiramos ser como eles. Deixemos que Deus sonde o nosso coração e no-lo expurgue de todo o princípio de desobediência. Façamo-nos ouvintes e praticantes da Palavra do Senhor. Deixemos de nos enganarmos a nós mesmos sendo apenas ouvintes (Tiago 1:21-27).
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