7. Ao convertermo-nos é para Deus Pai, para o Filho e para o Espírito Santo que nos voltamos, como suma felicidade eterna. Em boa verdade nunca somos verdadeiramente santificados, se Deus não for considerado acima de tudo como único e sumo bem. Como o Salmista, assim há-de suspirar o crente: «Tu és a minha herança». «A minha alma só no Senhor se gloriará». «A minha esperança assenta n’Ele, pois Ele é a minha rocha, a minha salvação, a minha glória, a rocha da minha força, e o meu refúgio» (Salmo 119:57; 34:2; 42).
Gostavas de saber se na realidade estás convertido ou não? Então presta a maior atenção.
Consideras a Deus como a maior felicidade? Que deseja acima de tudo o teu coração? Qual é a fonte da tua maior satisfação? Vem, então e, como Abraão, levanta os olhos e dirige-os em todas as direcções. Será que no céu ou na terra encontras aquilo que possa fazer-te feliz? Que responderias, se Deus te desse a escolher, como fez a Salomão, ou que dissesse como Assuero a Ester: «Qual é a tua petição, qual é o teu pedido?» Se fores ao jardim, e aí colheres o perfume das mais odoríferas flores, ficarias satisfeito? Supõe que te são concedidas todas as riquezas, todos os títulos e honras. Basta-te a fama, ou um nome pomposo, para seres um dos felizes deste mundo? Se assim o julgas, fica sabendo que ainda não estás convertido. Mas vai mais além: penetra na abundância divina das Suas misericórdias e do Seu poder, arcanos profundos da Sua insondável omnipotência. Convém-te e agrada-te mais? Podes dizer: «Como é bom estar aqui. Aqui me vou fixar, aqui quero viver e morrer?» Preferes tudo isto ao mundo inteiro? Então tudo vai bem entre Deus e ti. Que felicidade a tua! Se Deus te pode fazer feliz, deves ser feliz, pois tens o Senhor como teu Deus. Dirás a Cristo como Ele nos disse a nós: «O teu Pai será o meu Pai, e o teu Deus o meu Deus?» Eis o ponto da questão. O falso convertido nunca descansa em Deus, porque a graça da conversão vem a agir de maneira a evitar uma desgraça fatal, voltando-lhe ao mesmo tempo o coração dos seus ídolos para o Deus vivo. E agora a alma poderá exclamar: «Senhor para onde irei? Tu tens palavras da vida eterna». E aqui se fixa, pois trata-se da verdadeira entrada nos céus, onde de hoje em diante vai colocar os seus interesses. Aí dirá com o Salmista: «Volta, minha alma, ao teu repouso, pois o Senhor te fez bem!» (Salmo 116:7). E ainda vai estar pronto a cantar com Simeão: «Senhor, deixa o teu servo partir em paz», e com Jacob, ao receber boas notícias, já no findar da sua vida: «Basta» (Gen. 45:28). Ao saber da aliança que Deus efectuou com ele, é o que basta, pois isso é todo o seu prazer – a sua salvação, em suma (II Samuel 23:5).
Será este o teu caso? Já o terás experimentado? Se respondes afirmativamente, feliz de ti! Deus trabalhou contigo, a teu lado, porque se não fosse o poder da Sua graça, nada disto poderias ser.
Dum modo particular, na conversão voltamo-nos primeiro para Cristo, e, em segundo lugar, para as leis e para os caminhos de Cristo.
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