sexta-feira, 1 de abril de 2011

Daniel, o Profeta

Daniel 9:24 (contin.), 26 e 27
         As 70 semanas mencionadas atrás, ou 490 anos, estão divididas, no vers. 25, em três períodos distintos, a cada um dos quais são designados eventos particulares. Os três períodos são - (I) Sete semanas, isto é, 49 anos. (II) Sessenta e duas semanas, ou sejam, 434 anos. (III) Uma semana, ou seja, 7 anos. Ao primeiro período de sete semanas, estão referidas a restauração e reparação de Jerusalém; e por todo esse tempo Esdras e Neemias foram ocupados em restaurar as constituições sagradas e as instituições civis dos Judeus, porque esta tarefa durou 49 anos depois que Artaxerxes deu-lhes a comissão. A partir das sete semanas acima, começa o segundo período de 62 semanas, ou mais 434 anos, no fim do qual, diz a profecia, o Messias, o Príncipe, havia de vir. Ou seja, sete semanas, ou 49 anos, seriam concedidas para a restauração do estado judeu; deste tempo até à entrada do Messias no exercício público do seu ministério deviam decorrer 62 semanas, ou 434 anos - ao todo, 483 anos. A partir da vinda de nosso Senhor, o terceiro período deve ser datado, ou seja, "Ele firmará um concerto com muitos por uma semana," isto é, sete anos, vers. 27. Esta confirmação do concerto deve ter lugar no ministério de João Baptista com o de nosso Senhor, compreendendo o período de sete anos, tempo total durante o qual d'Ele pode dizer-se, e bem, que confirmou ou ratificou o novo concerto com a humanidade. O nosso Senhor diz: "A lei durou até João"; mas a partir da sua primeira pregação pública, o reino de Deus, ou a dispensação do evangelho, começou. Dean Prideaux pensa que o todo se refere à pregação do nosso Senhor em conexão com a do Baptista. Vachatsi, diz ele, significa na "metade" da semana; ou seja, nos últimos 3 anos e meio, em que Ele se exercitou no ministério público, Ele fez cessar, pelo sacrifício de Si mesmo, todos os outros sacrifícios e oblações, os quais foram instituídos para representar o d'Ele. Na parte final do vers. 26 e 27, encontramos a terceira parte desta grande profecia, a qual se refere ao que deve ser feito após a conclusão destas 70 semanas.
           26. E o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário. Pelo "príncipe" quer dizer-se, claramente, Tito, o filho de Vespasiano; e "o povo" desse príncipe não é nenhum outro senão os Romanos que, de acordo com a profecia, destruíram o santuário, hakkodesh, "o lugar santo" ou Templo e, como um dilúvio, varreram tudo, até que a destruição total deste povo obstinado pôs termo à guerra.
           27. E sobre a asa das abominações virá o assolador. Esta cláusula é bastante obscura. "E sobre a asa das abominações causando espanto." Esta é uma tradução literal da frase; mas ainda não há nenhum sentido determinado. Um manuscrito Hebraico escrito no século XIII, preservou aqui uma leitura muito notável, que liberta o lugar de todos os embaraços. Em vez da leitura acima, esse valioso manuscrito tem: "E no templo [do Senhor] haverá abominação." Isso torna a passagem fácil, e está estritamente conforme aos próprios factos, porque o Templo foi profanado; e concorda com a predição de nosso Senhor, que disse que a abominação desoladora estará no lugar santo, Mateus 24:15, e cita as palavras como fora proferidas por Daniel, o profeta. Que a leitura acima dá o verdadeiro sentido não pode haver dúvida, porque é apoiada pelas versões antigas mais eminentes. A Vulgata diz: "E no templo haverá abominação." A Septuaginta: "E sobre o templo estará a abominação da desolação."

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