quarta-feira, 22 de junho de 2011

Daniel, O Profeta

Capítulo 11:26-36
         26. Sim, os que se alimentam da porção da sua comida. Esta é a prova do que acaba de ser observado, que as intrigas de Antíoco, corrompendo os ministros e oficiais de Ptolomeu, foram a causa de todos os desastres que caíram sobre o rei egípcio. Os que se alimentam da porção da sua comida - que gozavam da sua confiança e compensação e possuíam os segredos do estado - traíram-no; e estes foram os meios usados para o destruir e ao seu exército, para que fosse derrotado, como foi antes observado.
         27. E os corações de ambos estes reis estarão empenhados em fazer o mal. Ou seja, Antíoco e Ptolomeu Filométor que era sobrinho do primeiro e cujo interesse, agora, ele fingia ter muito em conta, desde que os alexandrinos renunciaram à aliança com ele e puseram no trono o seu irmão mais novo, Euergetes. Quando Antíoco chegou a Mênfis, ele e Filométor tiveram conferências frequentes à mesma mesa; e, nessas ocasiões, falaram mentiras um ao outro, Antíoco professando grande amizade para com o sobrinho e preocupação com o que era de seu interesse mas, em seu coração, projectando arruinar o reino através da alimentação das discórdias que já subsistiam entre os dois irmãos. Por outro lado, Filométor dizia-se muito grato a seu tio, pelo interesse que ele tinha nos seus negócios e punha a culpa da guerra sobre o seu ministro, Eulaeus; enquanto, ao mesmo tempo, dizia mentiras, determinado a, o mais rapidamente possível, conciliar as coisas com seu irmão e juntar todas as duas forças contra o tio enganador. Porém, isso não prosperará. Não conseguiu seu objectivo, porque o fim do tempo determinado ainda não era chegado.
         28. Então tornará para a sua terra com grande riqueza. Antíoco voltou, carregado de riquezas, dos espólios que ele tomou no Egipto; ver 1 Macabeus 1:19-20. E, ouvindo que tinha corrido uma notícia de sua morte, à qual os cidadãos de Jerusalém tinham reagido com grande júbilo - o seu coração será contra a santa aliança. Ele estava determinado a tomar uma severa vingança e teve um pretexto ostensivo para isso; porque Jason, que tinha sido privado do sumo-sacerdócio, ao ouvir a notícia da morte de Antíoco, recrutou tropas, marchou contra Jerusalém, tomou-a e obrigou Menelau, o sumo-sacerdote, a fazer-se a si próprio prisioneiro, no castelo. Antíoco movimentou um grande exército contra Jerusalém; tomou-a de assalto; matou 40.000 dos seus habitantes; vendeu outros tantos mais como escravos; cozeu carne de porco e aspergiu o Templo e o altar com o caldo; invadiu o santo dos santos; retirou os vasos de ouro e outros tesouros sagrados, no valor de 1.800 talentos; restituiu o ofício a Menelau; e fez de um Filipe, um Frígio, governador da Judeia (1 Macabeus 1:4; 2 Macabeus 5:21).
         29. No tempo determinado tornará. Descobrindo que a sua traição fora descoberta e que os dois irmãos haviam unido seu comando e força militar para mútuo apoio, ele tirou fora a máscara; e, tendo recrutado um grande exército no início da primavera, atravessou a Coelesíria, entrou no Egipto e, havendo submetido os habitantes de Mênfis, chegou a Alexandria marchando confortavelmente. Mas, diz o profeta, não será como na primeira vez, ou como na última. Ele não teve o mesmo sucesso como na primeira vez, quando derrubou o exército egípcio em Pelusium; nem como na última, quando tomou Mênfis e subjugou todo o Egipto, excepto Alexandria. 
          30. Porque virão contra ele navios de Quitim. É bem sabido que Quitim quer dizer o império romano. Antíoco, estando então em plena marcha sobre Alexandria, para a cercar, e à distância de sete milhas da cidade, ouviu que navios tinham ali chegado vindos de Roma, com embaixadores do Senado. Ele foi a saudá-los. Entregaram-lhe as cartas do Senado, nas quais era-lhe ordenado, sob pena de cair no desagrado do povo romano, a pôr fim à guerra contra seus sobrinhos. Antíoco disse que iria consultar os seus amigos; ao que Popilius, um dos delegados, tomou a sua equipa e, logo, desenhou um círculo em torno de Antíoco na areia onde ele estava e ordenou-lhe que não passasse desse círculo até que tivesse dado uma resposta peremptória. Antíoco, intimidado, disse que faria o que quer que o senado ordenasse; e poucos dias depois começou a sua marcha e voltou para a Síria. Por isso, ele se indignará. " Em indignação e resmungando," diz Políbio; mortificado, humilhado e desapontado. Ele se indignará contra o santo concerto. Porque ele descarregou a sua ira contra os Judeus; ele enviou seu general Apolónio com 22.000 homens contra Jerusalém, saquearam e incendiaram a cidade, derrubaram as casas ao redor dela, mataram a muitos do povo e erigiu uma fortaleza numa eminência que dominava o Templo e dizimou multidões dos pobres que tinham vindo adorar, profanou cada espaço, de modo que o culto do Templo foi totalmente abandonado e as pessoas todas fugiram da cidade. E quando ele voltou para Antioquia, publicou um decreto ordenando que todos se ajustassem ao culto grego; e o culto judaico foi totalmente abolido, sendo o próprio Templo consagrado a Júpiter Olímpio. Quão grande deve ter sido a maldade do povo para que Deus pudesse tolerar isso! Em levar a cabo estas coisas, ele teve consulta com os que abandonaram o santo concerto; com o ímpio Menelau, o sumo-sacerdote; e os judeus apóstatas juntaram-se a ele, dando, de vez em quando, essas informações a Antíoco, e assim incitaram-no contra Jerusalém, o Templo e o povo. Ver 1 Macabeus 1:41, 62; confirmado por Josefo, Guerra, livro 1, cap. 1, s. 1.
          31. E sairão a ele uns braços. A Antíoco, braços, ou seja, os Romanos, sairão: porque "braços", em todos os lugares nesta profecia, denotam poder militar; e "sair", o poder em actividade e a conquistar.
          36. E o rei fará conforme a sua vontade. Isto poderá aplicar-se a Antíoco que se exaltou a si próprio acima de todos os deuses, chamou a si mesmo deus, divertiu-se com todas as religiões, profanou o Templo. Mas outros acham que se refere a um poder anticristão dentro da Igreja, pois, na linguagem desta profecia, rei é tomado no sentido de poder, um reino, etc. Que tal poder surgiu na Igreja, o qual agiu de forma arbitrária contra todas as leis, humanas e divinas, é bem sabido. Este poder manifestou-se nos imperadores gregos, no Oriente, e nos bispos de Roma, no Ocidente.

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