UM CONVITE AOS PECADORES PARA SE VOLTAREM PARA DEUS
Caros irmãos, sinto-me alegremente devedor para convosco, porquanto sendo despenseiro da casa de Deus, terei de distribuir a cada um aquilo de que necessita. Tal como o médico tem um carinho especial para os seus doentes graves, e o pai uma ternura particular para um filho moribundo, assim as almas que não se convertem precisam que se compadeçam delas, retirando-as do fogo a que estão destinadas. É a elas que me dirijo em primeiro lugar com as palavras que vão seguir-se.
Mas onde irei buscar a minha argumentação? Como conquistá-las? Oh! Se me compreendessem! É com lágrimas que escrevo, mas oxalá pudesse ser com o sangue das minhas veias e de joelhos a pedir-lho! Como daria graças a Deus se me ouvissem, e arrepiassem caminho, voltando para Deus.
Tantos anos me sacrifiquei por vós! E para quê? Para vos indicar o bom caminho! Com este fim orei e estudei tantos e tantos anos, para que finalmente vos voltásseis para Deus. E se fosse agora? Quereis que vos peça mais alguma coisa?
«Mas, ó Senhor, como me sinto incapaz de tal empresa! Como lhes farei sentir que têm o coração duro como uma pedra? Vou porventura pregar no cemitério, esperando que os mortos me obedeçam e ressuscitem? Vou fazer oração pelos rochedos, gritar perante as montanhas, julgando que se moverão com as minhas palavras? Acaso os cegos irão recuperar a vista? Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego (João 9:32). Mas, ó Senhor, tu podes abrandar o coração do pecador. Eu levo o arco ao acaso. Tu farás a pontaria, e não errarás o alvo. Elimina o pecado, e salva a alma do pecador que se dignar ler este livro».
Para entrar no céu é preciso passar pela estreita senda do segundo nascimento, pois sem a santidade não podereis ver a Deus (Hebr. 12:14). Por conseguinte é a ocasião propícia de vos entregardes ao Senhor. Procurai-O agora mesmo, e colocai-O no coração. Beijai o Filho (Salmo 2:12) e abraçai as ofertas de misericórdia; aproximai-vos dele e vivereis. Morrer, porquê? Nada quero para mim. E para vós, apenas a felicidade eterna. É este o prémio que pretendo para a minha carreira. Pela vossa salvação peço a Deus continuamente (Rom. 10:1).
Não leveis a mal que fale com o coração nas mãos, com franqueza e sincera amizade. Não sou orador, nem tenho pretensões a tal; por isso evito tudo aquilo que vos leve a supor que pretendo agradar simplesmente. A mensagem que trago é só esta: convencer-vos, converter-vos, salvar-vos. Fujo da retórica, porque não quero aplausos, mas as vossas almas. O meu objectivo é salvar, e não agradar. Não quero coisas, quero corações. Sem estes nada posso fazer. Se fosse para vos agradar, falar-vos-ia de outro modo. Para falar de mim, outro rumo seguiria. Poderia contar-vos histórias mais curiosas que a de Micaias (I Reis 22:8), mais suaves e menos duras, mas quão melhores são as censuras do amigo que as palavras lisonjeiras do que só pretende a nossa ruína? (Prov. 7:21-23 e 6:26). Se tivesse de acalmar uma criança rabugenta, bastava cantar-lhe, ou embalá-la docemente. E se ela caísse na lareira? Continuava a cantar ou a embalá-la? Teria de utilizar medidas mais enérgicas, não é verdade? Eu sei que estais perdidos se falharem as minhas palavras. Se não vos levantardes para me acompanhar, estais perdidos para sempre. Nem conversão, nem salvação! Ou me seguis de bom grado, ou vos deixo no pecado.
Mas volto a lembrar-me das dificuldades. «Ó Senhor, escolhe as minhas pedras de regato (I Sam. 17:40,45). Eu venho em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos Exércitos de Israel. Como o jovem David contra Golias, saio para lutar não contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século (Efés. 6:12). Que o Senhor hoje vença os filisteus, despoje os soldados das suas armaduras, e que me ofereça os cativos. Senhor, escolhe-me as palavras e as armas; e quando me preparar para atirar a pedra, dirige-a, não direita à fronte, mas ao coração do pecador que não se converte, e derruba-o como fizeste a Saulo de Tarso (Actos 9:4)».
Muitos de vós não sabeis o que entendo por conversão, por isso vou tentar explicá-lo. Primeiramente direi então o que é a conversão.
Outros alimentam esperanças de misericórdia, embora continuem na apatia. Para esses falarei da necessidade da conversão.
Alguns julgam-se já convertidos. Vou desiludi-los, apresentando-lhes as características dos que não se convertem.
Outros ainda vivem transuilos, sem saber dos perigos que os espreitam. Para eles falarei das misérias dos que não se convertem.
A quem não sabe como resolver a sua situação religiosa, direi quais os meios da conversão.
Finalmente, terminarei apontando a todos os motivos para a conversão.
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