domingo, 5 de setembro de 2010

VEM E SEGUE-ME

          Encontramos estas palavras no Evangelho de S. Marcos, capítulo 10, versículo 21. Fazem parte do relato da entrevista que Jesus concedeu a um jovem desejoso de ser candidato à vida eterna. O Mestre ensinou-lhe que devia ser cumpridor dos mandamentos divinos. Ele respondeu que os tinha cumprido desde a sua mocidade. Jesus olhou para ele, amou-o, mas não deixou de o fazer saber que lhe faltava "uma coisa". Era muito rico. O que lhe faltava, ficou a saber pouco depois, era desprender-se de tudo quanto possuía vendendo-o e distribuindo o produto entre os pobre e, disse-lhe o Senhor, "Vem e segue-Me".
          Este convite de Jesus é dirigido também a mim e a ti. Ao me fazer o convite, o Senhor quer tornar-me ciente da necessidade que tenho de O seguir todos os dias da minha vida, em todas as circunstâncias. Em privado, ou em comunidade. Ele não só deseja salvar-nos do pecado, como, também, ajudar-nos no cultivo de um espírito de semelhança com Ele, que me torne a vida plena e satisfatória.
          Bem cedo na vida compreendemos que a maior ambição do homem, em geral, é ater-se a uma condição económica e financeira boa, estável, invejável... E descobrimos que não somos excepção. Não chegar lá resulta, em muitos casos, em infelicidade, desgosto, frustração.
          Talvez a verdade mais importante, pela qual Ele deseja ver-nos orientar nossas vidas, seja a de crescer no espírito e não em comodidades. O alimento e o vestuário requerem dinheiro, mas o espírito do homem nutre-se de oração a Deus, da escolha das melhores atitudes e do altruísmo que socorre aos que estão em maior necessidade do que nós.
          A avareza não é de cristãos. A avareza é o excessivo desejo de ajuntar riquezas. É mesquinhez. É ter horizonte curto. É doentia. "Não podeis servir a Deus e a mamom (riquezas)." A avareza é o espírito do mundo.
          Se a ciência da economia considera a produção de riqueza como o alvo principal da vida, Jesus, porém, ensina algo quase diametralmente oposto. O dinheiro é útil, mas devo tratá-lo, sempre, como de importância menor que as qualidades do espírito. Como subalterno e não como superior.
          Dominado por cobiça, veio um homem ao encontro de Jesus, para que Ele fizesse ao irmão repartir com ele a herança. Recebeu a repreensão: "Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?" Aos circundantes, disse o Mestre: "Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui." (Lucas 12:13-15).
          Como teria respondido Jesus, se o homem tivesse inquirido: "Que devo fazer com a herança, para proceder rectamente?" A resposta teria sido mais do que provável "Divide-a. Trata o teu irmão como gostarias que ele te tratasse a ti."
          Certamente que há muita coisa boa, útil e necessária que podemos adquirir se ganharmos ou obtivermos mais dinheiro: mais comida, uma casa melhor, melhor roupa, melhor viatura, mais recreação, melhor saúde, qualidade de vida, diz-se hoje em dia. Deus sabe isso, mas avisa-nos que um espírito avarento pode custar-nos o lar celestial. Com respeito a adquirir e a gastar dinheiro, conhecemos bem a recomendação do Senhor "Buscai, primeiro, o reino de Deus e a Sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas."
          Há muita gente que está a dizer: "Eu não tenho tempo para a igreja (entenda-se para pensar em Deus ou em coisas espirituais); tenho de trabalhar para sustentar uma família, solver compromissos... Trabalho todos os dias, de manhã à noite." Fui pastorear uma igreja, vinte anos atrás, que tinha dois vizinhos, a exemplificação literal desta afirmação. A oficina de um deles era barulhenta todo o dia, todos os dias, a outra silenciosa, mas ambas pareciam não se fechar, nem de dia, nem de noite. Ambos eram muito simpáticos, amigáveis, mas não tinham tempo, senão para sustentar a família e pagar as contas, com o suor do seu rosto. Parece que haviam estado no Éden quando Deus sentenciou Adão; tomaram muito a sério a sentença.
          Não aceitar o convite do Mestre "Vem e Segue-me" impede que experimentes a verdade cativante que há no Seu ensino concernente à dependência da mão provedora e generosa de Deus: "Buscai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas."

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