segunda-feira, 6 de setembro de 2010

VEM E SEGUE-ME

(continuação)
          Da perspectiva bíblica, nós que somos da fé não somos pobres nem insignificantes, como pensam os outros. Quando o apóstolo Paulo diz "pobres, mas enriquecendo  a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo" (2 Cor. 6:10), mostra a superioridade dos valores cristãos aos mundanos, a oposição dos conceitos materialistas aos espirituais. Na óptica divina, a fé é mais importante do que o alimento. Quer isso, então, dizer que Deus prefere ver-nos pobres e indigentes? É evidente que não. Para que criou Ele o ouro e a prata e todos os tesouros deste mundo? Só para dizer "minha é a prata e meu é o ouro" e fazer figura? Não, mas para benefício do homem, a fim de que o uso que este deles fizer seja legitimado pelas acções de graças e pelo louvor prestados ao Criador.
          Mas importante, ainda, é dizer que Deus não deseja que a atitude para com a riqueza material destrua a nossa fé na Sua protecção, nem a nossa compaixão para com o nosso semelhante. Podemos falar, neste contexto, da compaixão que reparte os bens espirituais, em resumo, o evangelho salvador de nosso Senhor Jesus Cristo. Gastamos o nosso tempo todo com o nosso auto-conforto, material, espiritual, e não vamos atrás dos que definham e morrem na falta deles. Será que a falta de vitalidade nas igrejas modernas não se deve a essa avareza característica dos cristãos modernos que açambarcam todos os benefícios espirituais e não compartilham? Se "dar é viver", convenhamos que "não dar" não pode, também, ser viver. Compartilha com o próximo as misericórdias de Deus concedidas através da cruz do Calvário e experimentarás o avivamento que tanto tens reclamado em oração. Doutro modo, os canais da graça de Deus, que trazem refrigério, continuarão bloqueados e as almas minguando. Não te dês ao comodismo e à avareza, de dedicar todo o teu tempo a trabalhar para sustentar a tua casa, mas edifica também casa ao Senhor, como David (2 Sam.7).
          Quando Jesus nos convida "Vem e segue-me", adverte-nos contra a avareza e oferece-nos o Seu próprio exemplo: "as raposas têm covis e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça." Note bem: se eu fixo demais o meu pensamento nas pessoas que têm melhor condição económica que a minha, abro o espírito à inveja. Satanás começa a sugerir pensamentos perigosos: devo possuir mais; não é justo que ele tenha mais do que eu; não se pode ser rico e honesto simultaneamente; será justo tirar-lhe um pouco, logo que possa. Todos esses são pensamentos mundanos que podem degenerar em más atitudes e ou acções. Vamos xingar Fulano, porque é rico, logo, desonesto.
          Não deve reinar um espírito ciumento entre os cristãos. A cobiça não produz dinheiro; com frequência conduz a actos desonestos de roubo e sabotagem. O ressentimento para com o rico não põe mais pão na mesa, só envenena o espírito.
(continua)

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