“Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E viram línguas repartidas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo…” (Actos dos Apóstolos 2: 1-4). “Porque esta é a vontade de Deus, a saber, a vossa santificação…” (1 Tess. 4:3).
UM TESTEMUNHO PESSOAL
A 9 de Janeiro de 1885, aproximadamente às nove horas da manhã, Deus santificou a minha alma. Naquela hora achava-me em meu próprio quarto, mas dentro de poucos momentos já estava na rua e, encontrando-me com um homem, contei-lhe o que Deus fizera por mim. Na manhã seguinte encontrei-me com outro amigo e narrei-lhe acerca da experiência abençoada que tivera. Ele clamou e louvou a Deus, instando-me a que pregasse sobre a plena Salvação, confessando-a em toda a parte. Deus usou-o para dar-me ânimo e auxílio. Depois, no dia seguinte preguei sobre o assunto de modo tão claro quanto podia, terminando por dar o meu próprio testemunho.
Deus abençoou de maneira poderosa essas palavras dirigidas a outros, porém penso que fui eu quem recebeu maior bênção. Aquela confissão fez com que minha situação ficasse bem clara. Cortou todas as pontes que estavam atrás de mim. Três mundos agora olhavam-me como alguém que confessava que Deus lhe dera um coração limpo. Não mais podia voltar atrás: tinha que ir para a frente. Deus mesmo viu que eu me decidira a ser-Lhe fiel até a morte. Duas manhãs depois daquela, logo ao sair da cama e ler os ensinos de Jesus, Ele me deu tal bênção que nunca, jamais, sonhara alguém poder recebê-la deste lado do Céu. Foi como que um céu de amor que veio a meu coração. Andei pela cidade de Bóston antes do café, chorando de alegria e louvando a Deus. Como eu O amava! Naquele momento conheci realmente a Cristo e O amava a tal ponto que meu coração parecia quebrantar-se a qualquer momento. Amava aos passarinhos, amava os cachorros, amava aos estrangeiros que apressadamente passavam por mim, amava aos pagãos – amava ao mundo inteiro.
Como ansiava por ser puro! Como havia eu sido faminto e sedento por Deus – o Deus vivente! E Ele deu-me o desejo de meu coração. Satisfez-me! – estou pesando bem minhas palavras – sim, Ele me satisfez! Ele me satisfez!
Todos esses anos têm sido magníficos. Deus tornou-Se meu Mestre, meu Guia, meu Conselheiro, meu Tudo em Tudo!
Permitiu-me que ficasse perplexo e fosse tentado, mas isso foi para meu próprio bem. Não tenho queixas a fazer contra Ele. Por vezes parece que me deixa sozinho, porém isso tem sido tal como a mãe que fica um tanto distante de seu pequenino a fim de ensinar-lhe como usar suas próprias pernas para andar. Ele não me deixou cair.
Deus tem sido como minha boca, auxiliando-me assim a falar de Jesus e de Sua grande Salvação, de modo a instruir, confortar e salvar outras almas. Tem sido luz em minhas trevas, força em minha fraqueza, sabedoria em minha loucura, conhecimento em minha ignorância.
Quando meu caminho tem sido obstruído e parece que não há possibilidade alguma de sair das dificuldades e tentações, Ele me abre uma senda, tal como fez com o Mar Vermelho para o povo de Israel.
Quando meu coração sofre, Ele tem sido meu conforto; quando meus pés estão bem perto de escorregarem, Ele me tem segurado; quando minha fé tem falhado, Ele me tem encorajado; quando passo por alguma necessidade extrema, Ele tem suprido as minhas necessidades; quando me sinto faminto, Ele me tem alimentado; quando sedento, Ele me tem dado da Água viva.
Glória a Deus! O que não tem Ele feito por mim? O que não tem sido Ele para mim? Recomendo-O ao mundo.
Ensinou-me Ele que o pecado é a única coisa que me pode prejudicar, e que a única coisa que me é de proveito no mundo é a “fé que opera pelo amor” (Gálatas 5:6). Ensinou-me a segurar-me em Jesus através da fé para minha salvação de todo o pecado, temor e vergonha, mostrando meu amor por meio da obediência a Ele em todas as coisas, procurando também de todos os modos levar outros a conhecê-Lo.
Louvo-O! Adoro-O! Amo-O! Meu ser inteiro é d’Ele agora e por toda a eternidade. Não sou meu. Ele pode usar-me como quiser, pois que pertenço a Ele. Sei que Sua escolha é sempre feita tendo em vista o meu bem-estar eterno. Por Sua omnisciência Ele não comete erros e devido à Sua bondade infinita nunca me traria o mal. Confio n’Ele, confio n’Ele, confio n’Ele! “Dele vem minha esperança” (Salmo 62:5); não vem de homem algum, e tão pouco de mim mesmo, mas d’Ele. Ele tem estado comigo através de todos esses últimos dez anos e sei que Ele nunca falhará.
No decurso desses anos Deus me tem capacitado a conservar um propósito perfeito e inquebrável de servi-Lo de todo o meu coração. Não houve tentação que pudesse abalar esse propósito firme. Nenhuma ambição humana ou eclesiástica tem tido um só átomo de influência sobre mim.
Todo o meu coração tem clamado dentro de mim tal como o de Efraim-: “Que mais tenho eu com os ídolos? Eu o tenho ouvido e isso considerarei” (Oséias 14:8).
“Santidade ao Senhor” (Êxodo 28:36) tem sido o meu lema.
De facto, tem sido o único voto que poderia expressar o desejo profundo e aspiração ardente de minha alma.
Por um ano e meio tenho sido posto à parte do trabalho em vista de fraqueza física. Por um tempo pensaria que isso era uma cruz pesada demais para se carregar. Mas nisto, como em todas as demais coisas, Sua graça tem sido suficiente. Ultimamente Deus me tem abençoado de maneira especial. Meu coração anseia por Deus e, ao procurá-Lo através da oração ardente, paciente e cheia de fé, bem como na procura diligente de Sua Palavra, Ele está aprofundando a obra da graça em minha própria alma.
Samuel Logan Brengle-1896
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