quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Daniel, o Profeta

CAPÍTULO 5

        No início deste capítulo, somos informados de como Belsazar, o neto de Nabucodonosor, estando a viver em devassidão no seu palácio, e profanando os vasos sagrados do Templo, 1-4, foi, de repente, aterrorizado com a aparência dos dedos de uma mão humana a escrever algumas palavras na parede à sua frente, 5-6. Mandaram entrar imediatamente os sábios e astrólogos para mostrar ao rei a interpretação; mas eles não puderam nem sequer ler o escrito, porque (como Houbigant e outros têm especulado), embora as palavras estejam na língua Caldeia, elas foram escritas em caracteres samaritanos ou hebraicos antigos, que os sábios da Babilónia, muito provavelmente, desconheciam, porque os judeus eram naquele tempo um povo desprezado e o conhecimento da sua língua não era uma aquisição que estivesse na moda, 7-9. Daniel, que tinha sido tão altamente estimado por Nabucodonosor, por sua superior sabedoria, parece ter sido completamente desconhecido para Belsazar, até a rainha (a mesma que tinha sido esposa de Nabucodonosor, conforme opinião geral, ou a rainha consorte, de acordo com outros) lhe passar a informação, 10-12. Por recomendação da rainha, Daniel é chamado à presença do rei, 13-16; o qual, ousadamente, diz a este rei tirânico que, como não lhe tinham aproveitado os julgamentos infligidos ao seu avô, antes tinha-se entregado ao orgulho e à impiedade e acrescentara aos seus outros pecados um desprezo total pelo Deus dos judeus, bebendo vinho nos vasos sagrados de Jeová em honra de seus ídolos, 17-23, o Ser Supremo, o Governador do céu e da terra, tinha escrito a sua condenação em três palavras: Mene , Tekel Peres, 24-25; a primeira das quais é repetida nas cópias que contêm o original caldeu; mas em todas as versões antigas, excepto o Siríaco, não se encontra esta repetição. Daniel dá então ao rei e seus grandes a terrível significação da escrita, a saber, que o período estipulado para a duração do império caldeu estava ora concluído (ver Jeremias 25:12-14), e que o reino estava prestes a ser transferido para os Medos e Persas, 26-28. Ainda que tal interpretação deva ter sido indesejável para Belsazar, contudo, o monarca, abatido com a sua clareza e certeza, ordenou que o profeta fosse honrado, 29. E, naquela mesma noite, a profecia cumpriu-se, pois o rei foi morto, 30 e a cidade tomada pelos Medos e Persas, 31. Este grande evento também foi predito por Isaías e Jeremias e a maneira como foi cumprido é registada por Heródoto e Xenofonte.

        1. O rei Belsazar fez um grande banquete. Após a morte de Nabucodonosor, Evil-Merodaque, seu filho, ascendeu ao trono da Babilónia. Tendo reinado cerca de dois anos, ele foi morto por seu cunhado Neriglissar. Este reinou quatro anos e foi sucedido por seu filho Leborosoarchod que reinou apenas nove meses. Com a sua morte, Belsazar, filho de Evil-Merodaque, ascendeu ao trono e reinou dezassete anos, e foi morto, como lemos aqui, por Ciro, que surpreendeu e tomou a cidade na noite desta festa. Mas a Escritura menciona apenas Nabucodonosor, Evil-Merodaque e Belsazar, pelos nomes; e Jeremias, capítulo 27:7, diz expressamente: "Todas as nações o servirão [Nabucodonosor], e ao seu filho [Evil-Merodaque] e ao filho de seu filho [Belsazar], até completar o tempo da sua própria terra", ou seja, até o tempo em que o império havia de ser capturado por Ciro. Aqui não há nenhuma menção a Neriglissar nem Laborosoarchod; mas, como eram usurpadores, podem ter sido ignorados propositadamente. Permanece ainda, contudo, uma dificuldade: Belsazar é expressamente chamado o filho de Nabucodonosor pela rainha-mãe, v 11. A solução desta dificuldade está em que na Escritura o nome de "filho" é dado indiferentemente a filhos e netos e, até, a bisnetos. A mil dos seus grandes. Talvez isso queira dizer os senhores ou sátrapas, que eram, cada classe, mais de 1.000 homens.

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