Capítulo 3
Nabucodonosor, tendo levantado uma imagem cuja altura (incluindo provavelmente um pedestal muito alto) era de sessenta côvados e a largura de seis, ordenou, a uma assembleia numerosa que tinha convocado, que caíssem por terra e a adorassem; ameaçando, ao mesmo tempo, que todo aquele que se recusasse a fazê-lo seria lançado numa fornalha ardente, uma punição não incomum no país (ver Jeremias 29:22), 1-7. Os três companheiros de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego, que se encontravam presentes, estando advertidos a se absterem desta adoração idólatra, foram acusados perante o rei; o qual, em grande ira, ordenou-lhes que cumprissem as suas ordens sob pena de morte, 8-15. Mas esses homens santos, com a maior compostura e serenidade, expressaram sua firme resolução de não adorar os seus deuses ou as suas imagens, qualquer que fosse a consequência, 16-18. Nisso, o rei, que não estava acostumado a ver a sua vontade contrariada, no auge da sua ira, ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que o habitual, e que esses homens fossem nela lançados, atados pelos homens mais fortes que estavam no seu exército, sendo estes mortos pela chama, na execução do serviço, 19-23. Nesta ocasião Deus cumpriu literalmente Sua promessa dada por Isaías (capº. 43:2) "Quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti." Porque um anjo de Deus, aparecendo na fornalha, protegeu estes jovens e combateu a violência natural do fogo; o qual, consumindo somente as cordas com que eles estavam atados, deixou-os a andar em liberdade e em perfeita segurança, no meio da fornalha. O rei, espantado com este prodígio, chamou-os para fora do forno e louvou a Deus por ter enviado um anjo para livrar os Seus servos; e mandou que todos os seus súbditos, sob pena de morte, não falassem irreverentemente do Deus de Sadraque, Mesaque, e Abednego, que foram promovidos a posições de grande poder e honra, 24-30. Um exemplo marcante da interposição da Providência em favor da piedade verdadeira e inflexível.
1. O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro. Supõe-se que a história aqui contada não ocorreu até ao fim, ou perto do fim, do reinado de Nabucodonosor. Pois ocorreu depois da sua insanidade, como podemos ver no capº. 4:33-36, e isto aconteceu perto do fim do seu reinado. Algumas observações sobre esta imagem podem ser necessárias: (1) Não é provável que esta imagem tivesse forma humana - as dimensões mostram a improbabilidade disto. (2) Não é provável que esta imagem fosse toda de ouro. (3) Pode ter sido um pilar sobre o qual foi levantada uma imagem do deus Bel. A imagem em si pode ter sido de ouro, ou, mais provavelmente, de material dourado, ou seja, coberto com placas finas de ouro, e, por esta razão, ela pôde ser chamada a imagem dourada. A planície de Dura. A localização deste lugar não é exactamente conhecida; havia uma vila ou cidade chamada Dura, ou Doura, na Mesopotâmia, perto do rio Tigre.
2. Mandou ajuntar os príncipes. Não é fácil mostrar o que representavam estes diferentes ofícios, como é difícil confirmar o significado das palavras do Caldeu.
4. Então um arauto apregoava em alta voz. "Um pregoeiro chamou com força."
5. O som da trombeta. Não há menos dificuldade em determinar o significado exacto destes instrumentos musicais do que há nos ofícios no vers. 2.
6. Será na mesma hora. Este é o primeiro lugar no Antigo Testamento, em que encontramos a divisão do tempo em horas. Os gregos dizem que Anaximandro foi o inventor. Ele, provavelmente, o recebeu dos caldeus, entre os quais esta divisão estava em uso muito tempo antes de Anaximandro nascer.
8. Acusaram os judeus. Ou seja, Sadraque, Mesaque e Abednego. Os outros judeus não foram levados em conta e, provavelmente, por esse tempo, Daniel era demasiado eminente para ser tocado, mas podemos ter a certeza de que ele não se encontrava entre esses idólatras.
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