Capítulo 1
Este capítulo começa por dar um breve relato da conquista da Judeia por Nabucodonosor, ocasião em que Jeoiaquim ficou-lhe tributário; e, consequentemente, o cativeiro de setenta anos e a vassalagem tiveram o seu início, 1-2. Nesta expedição (tomando o Egipto no seu caminho), o rei da Babilónia traçou o fim do terceiro ano de Jeoiaquim, mas não tomou Jerusalém antes do nono mês do ano seguinte. Daí a discrepância aparente entre Daniel e Jeremias (cap. 25: 1), um contando o tempo a partir do momento em partiu para esta expedição e o outro, a partir do momento em que esse propósito foi realizado. Em seguida temos um registo da forma como Daniel e seus companheiros foram criados na corte do rei, 3-7. Eles rejeitam a provisão diária de carne concedida pelo rei, para que não se contaminassem e são autorizados a alimentar-se de legumes, 8-16. Sua grande proficiência na sabedoria da época, 17-20. Daniel prospera até o reinado de Ciro, o persa, 21.
1. No terceiro ano do reinado de Jeoiaquim. Este rei foi elevado ao trono da Judeia no lugar de seu irmão Jeoacaz por Faraó-Neco, rei do Egipto, 2 Reis 23:34-36 e continuou a pagar-lhe tributo durante os três primeiros anos do seu reinado. Mas no quarto, que era o primeiro de Nabucodonosor, Jer. 25: 1, Nabucodonosor derrotou totalmente o exército egípcio perto do Eufrates, Jer. 46: 2; e esta vitória colocou os países vizinhos da Síria, entre os quais a Judeia era o principal, sob a governação da Caldeia. Assim, Jeoiaquim, que anteriormente tinha sido tributário do Egipto, tornou-se agora vassalo do rei da Babilónia, 2 Reis 24:1. Ao fim de três anos, Jeoiaquim rebelou-se contra Nabucodonosor que, então ocupado com outras guerras, não procedeu contra Jerusalém até três anos após, que foi o décimo-primeiro e último de Jeoiaquim, 2 Reis 23:36. Existem algumas dificuldades na cronologia deste lugar. Calmet tem uma visão um pouco diferente desses relatos. Ele encadeia a história assim: Nabopolassar, rei da Babilónia, descobrindo que um dos seus oficiais que ele colocara como governador da Coelesíria e Fenícia tinha-se revoltado contra ele e formado uma aliança com o rei do Egipto, enviou Nabucodonosor, seu filho, a quem investiu de autoridade real, para subjugar essas províncias, como era costume entre os orientais quando o herdeiro presumido era enviado numa importante expedição ou embaixada. Este jovem príncipe, tendo sufocado a insurreição naquelas partes, marchou contra Jerusalém cerca do fim do terceiro ou início do quarto ano do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá. Ele logo tomou a cidade e colocou Jeoiaquim em cadeias com o propósito de levá-lo para a Babilónia; mas, mudando de ideia, permitiu que ele retomasse as rédeas do governo sob certas condições opressivas. Nesse ano começaram os setenta anos do cativeiro babilónico. Tendo Nabopolassar morrido nesse ínterim, viu-se obrigado Nabucodonosor a retornar rapidamente para a Babilónia, deixando com os seus generais a condução dos judeus cativos para a Babilónia, entre os quais se encontravam Daniel e seus companheiros.
2. Parte dos utensílios da casa de Deus. Ele tomou os mais ricos e finos dentre eles para o serviço do seu deus Bel e deixou o que fosse necessário para o exercício da adoração pública de Jeová; porque, deixando Jeoiaquim no trono, ele apenas colocou a terra sob tributo. A terra de Sinar. Era este o antigo nome da Babilónia. Veja Gén. 11: 2. A casa do tesouro do seu deus. Este era Bel, que tinha um esplêndido templo na Babilónia e era o deus tutelar da cidade e do império.
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