segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ONDE, NO MUNDO, ESTÁ DEUS?

UMA PERSONAGEM EXTREMAMENTE INESQUECÍVEL
       O anuário de 1968, de indivíduos ilustres que fizeram manchete na imprensa, rádio e televisão, estava cheio de dezenas de personalidades intrigantes e interessantes.
       Em 31 de Março, Lyndon Johnson, num discurso na televisão sobre a Guerra do Vietname, chocou o país com o anúncio de que ele não iria concorrer à reeleição: "Não vou procurar, nem vou aceitar a nomeação do meu partido para um novo mandato como vosso Presidente."
       Novamente, a imprensa foi posta em movimento quando cinco legisladores proeminentes declararam seus planos de se aposentarem do Senado, ou procurarem outras colocações. Esses líderes foram Lister Hill, do Alabama, George Smathers, Florida; Bourke Hickenlooper, Iowa; Frank Carlson, Kansas, e Thruston Morton, Kentucky. Isto significou o surgimento de muitos novos rostos e forças no Capitol Hill.
       O nome de Nelson Rockefeller passou pelos média, como um relâmpago, quando ele deteve uma greve de lixo de nove dias, na cidade de Nova York. Ele foi literalmente chapejado de críticas, de muitas fontes em todo o país. No entanto, ele afirmou: "A Cidade de Nova York foi incapaz de, por si mesma, resolver o problema e eu agi para garantir a saúde e a segurança dos seus 8 milhões de habitantes."
       Clark Clifford entrou no anuário de 68, quando, na qualidade de secretário da Defesa, ele emitiu a ordem de uma grande convocação de reservistas, para o serviço activo no Vietname. Esta chamada incluiu 24.500 reservistas do Exército, da Força Aérea e da Marinha. Clifford observou: "Espera-se que os disparos continuem durante as conversações de paz que vão ter lugar, até que um cessar-fogo seja acordado."
       O Procuradora-Geral Erwin Griswold avisou a nação inteira de que uma "causa elevada" não é desculpa para a violação das leis, a violência ou a rebelião. Ele disse: "Permitir às facções recorrerem à força quando sentirem - embora correctamente - que uma lei particular, ou política, está errada, seria renunciar à nossa própria experiência e à dos Fundadores."
       Mas, enquanto os nomes e acontecimentos sensacionais de 1968 desfilavam diante dos holofotes públicos, curiosamente, foi um líder religioso da Califórnia, não um líder ou um político nacionais, que, por seu impacto, ganhou o título de "personagem inesquecível no mundo de hoje." Aparentemente, a mensagem deste homem sacudiu os alicerces do mundo religioso nos Estados Unidos.
      O seu nome era Padre James Kavanaugh. A história dele fez manchete de costa a costa. Quanto à fé, ele era, e é, um católico romano. Ele é de origem irlandesa e serviu por algum tempo como sacerdote em Lansing, Michigan. A candidatura dele à fama resultou de um livro intitulado "Um Sacerdote Moderno Examina a sua Igreja Desactualizada." Imediatamente, a cópia causou uma vozearia de concordância e de protesto, dentro da comunidade católica romana.
      Durante um discurso na Catedral de Notre Dame, o Pe. James Kavanaugh enfatizou que ele desafiou a igreja institucional, não para destruí-la, mas para ajudar a actualizá-la, através de reformas realistas. Contra a tradição de séculos que defendia que um padre não devia casar-se, ele questionava: "Como posso encontrar Deus e o sentido da vida, sem o casamento?" Em sua opinião, ele precisava do relacionamento, íntimo, pessoal, de uma mulher que Deus pretendia para ele, para dar à vida maior profundidade e propósito.
       O resultado surpreendente foi que milhares de fiéis católicos aplaudiram estes sentimentos em vez de os saudarem com lástima, censura e escárnio. Um líder religioso comentou: "Kavanaugh não criou estas questões ou problemas na nossa igreja, ele apenas os reflecte, para que todos possam ver e pensar." Também uma freira escreveu a esse padre e comentou seriamente: "Não podemos viver a nossa religião sob leis e regulamentos desmedidos por muito mais tempo."
       Assim, com um coração ardente, o Padre Kavanaugh, sozinho, levantou sua voz de protesto contra uma religião que está fora de forma, antiquada e arcaica. Estranhamente, essa necessidade desesperada de liberdade e de um reavivamento sob o Espírito de Deus tocou uma corda semelhante, nos círculos protestantes. Mas poucos, se algum, exemplificaram a coragem de James Kavanaugh para ser honesto e realista o suficiente para compartilhar, abertamente, com o mundo, os seus sentimentos íntimos.
       Kavanaugh expressou a sua avaliação da atmosfera religiosa de hoje com estas palavras:
               A religião é muito rígida. Está mais interessada na obe-
             diência à letra da lei, do que no amor e na comunidade
             de homens e mulheres ao seu redor. A Igreja não está
             madura. É hora de começarmos a crescer e a enfrentar
             a vida. O próprio clérigo está tão regulamentado, que a
             religião mantém o homem em um estado de dependên-
             cia total e adolescência perpétua.
               A rotina eclesiástica não é um desafio. É apenas o pre-
             enchimento de um dia com rotinas esterilizadas, monóto-
             nas. Em vez de levantar fardos reais dos ombros de ho-
             mens reais, nós, na religião, estamos a colocar fardos ir-
             reais sobre homens reais com necessidade.
               Hoje, o mundo tem perguntas. Perguntas reais, sólidas.  
             Mas a igreja média, os clérigos, os teólogos e os leigos  
             apenas dobram discursos. Nenhum deles parece ter uma
             verdadeira resposta.
       A sua visão não foi um ataque a qualquer igreja ou grupo religioso, mas, simplesmente, um desafio sincero, a todos os cristãos, para se levantarem e proclamarem que o amor de Cristo, não a lei, é a única resposta para este mundo necessitado. Este foi o seu convite a cada pessoa que professa conhecer e servir a Deus,  para  "compartilhar" a verdade de Jesus Cristo, o único que pode libertar as pessoas no corpo, mente e espírito.
       Haverá sempre um preço a pagar, se algum homem ou mulher se atreve a falar, do coração, contra qualquer organização ou instituição tradicionais. Tanto grandes negócios como grandes religiões encontram maneiras de silenciar e eliminar as vozes que pregam a libertação e a liberdade em Cristo.
       No entanto, o impacto de homens como o Padre Kavanaugh serviu para lembrar a igreja de outro "tipo inesquecível," que abalou e conquistou o mundo religioso, no primeiro século. Este combatente da liberdade da Igreja primitiva do Novo Testamento desafiou costumes, reptou as autoridades, questionou a hipocrisia da religião organizada e espalhou as boas novas da mudança de vida, em Cristo, ao redor do mundo.
Richard L. Harding 

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