EMBAIXADOR EM CADEIAS
"Perseverai em oração, velando nela com acção de graças; orando, também, juntamente, por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso; para que o manifeste, como me convém falar." (Colossenses 4:2-4).
Por vezes escuto a ex-Oficiais que, tendo desertado de seus postos de trabalho, imiscuíram-se com outras coisas e a tal ponto que se lhes é impossível voltar à activa no Exército de Salvação. Queixam-se eles de seu triste destino e declaram nada poder fazer. Que eles se inclinem ao julgamento de Deus, beijem a mão que bate neles, não mais sofrendo sob as cadeias, deixando-os sair para um ministério mais feliz. Esaú vendeu seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas e assim perdeu a bênção poderosa que deveria ter ganho. Ainda assim, porém, recebeu uma bênção (Génesis 27:38 a 40).
Se um homem deseja realmente ver a glória de Deus, bem como almas salvas em lugar de gozar de bom tempo para si próprio, por que então não se contentaria em permanecer num leito de enfermidade e orar, tanto como pregaria do alto de uma plataforma? Não abençoará Deus tanto um como outro? O da plataforma pode ver muito de seu trabalho e dos frutos. O que orar poderá somente senti-los. Entretanto, pode ser tão grande ou maior até a certeza de que se acha em contacto com Deus, usado por Ele, do que o do homem que vê os resultados com seus próprios olhos. Muitos reavivamentos têm sua fonte secreta no quartinho de uma pobre lavadeira ou ferreiro que, embora esteja em comunhão com o Espírito Santo, está acorrentado a uma vida de labor diário e intenso. O homem da plataforma recebe a sua glória na terra, porém o embaixador em cadeias, desconhecido e desprezado, que orou sem cessar, terá sua larga porção quando do triunfo final. Bem pode ser que ele marche lado a lado do Rei, enquanto que o da plataforma virá atrás.
Deus não vê como o homem. Ele olha para o coração e ouve o clamor dos Seus filhos, marcando-os para receber a glória futura, bem como a recompensa reconhecida e sem limites para todos quantos clamam e suspiram para Sua honra e salvação dos homens.
Deus poderia ter liberto a Paulo, porém não quis fazer isso. O Apóstolo, no entanto, não se queixou, ou ficou descontente, ou mesmo caiu no desespero, perdendo o seu gozo, paz, fé e poder. Orou, alegrou-se, crendo e pensando no Corpo tão pequeno e pobre, bem como os convertidos fracos que lá havia deixado. Escreveu-lhes, então, levando-os junto a seu coração, chorando por eles, orando por eles noite e dia. Fazendo isso, salvou sua própria alma e fez com que Deus abençoasse dez mil vezes mais a dezenas de milhares de pessoas a quem nunca tinha visto e com quem nunca, jamais chegara a sonhar!
Entretanto, que ninguém chamado por Deus para a obra imagine que esta lição acerca do embaixador em cadeias seja para os que estão livres. Não é. É somente para aqueles que estão em cadeias.
Samuel Logan Brengle.
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