segunda-feira, 8 de março de 2010

ANDANDO NA LUZ - 1 João 1:7

DEIXANDO A VERDADE DESLIZAR

"Amados, procurando eu escrever-vos, com toda a diligência, acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Judas 3).

...Tal como é custoso encontrar a verdade, assim também requer muita vigilância o guardá-la. "As riquezas têm asas", e, não sendo guardadas, vão-se: Assim também com a verdade. Ir-se-á de nós se não cuidarmos da mesma. "Compra a verdade e não a vendas" (Provérbios 23:23). Geralmente ela desliza aos poucos. Perde-se como a torneira escorrendo água - não de uma só vez, mas gradualmente.

Aqui está alguém que antigamente era cheio de verdade. Amava a seus inimigos e orava por eles; pouco a pouco, porém, começou a negligenciar nessa verdade de que deveríamos amar a nossos inimigos e desse modo deslizou só um pouquinho. Ao invés de amar e orar por seus inimigos, seus sentimentos tornaram-se amargos e duros. Outro costumava dar de seu dinheiro aos pobres e para a extensão do Evangelho. Não temia confiar em Deus para que suprisse todas as suas necessidades. Estava tão cheio de verdade que todo o seu antigo temor se fora, convicto de que se buscasse "primeiramente o reino de Deus e Sua justiça, todas as outras coisas ser-lhe-iam acrescentadas" (Mateus 6:33). Não temia que Deus se esquecesse dele, que o abandonasse e que deixasse sua semente a mendigar pão. Servia a Deus com alegria e de todo o seu coração; satisfazia-se com qualquer migalha e era feliz e sem cuidado como o pardal que põe sua cabecinha debaixo da asa e vai dormir, sem saber de onde virá o alimento para outro dia, crendo no grande Deus que "abre Sua mão e satisfaz o desejo de todo o ser vivente, dando-lhe alimento na estação própria". A pouco e pouco, porém, a prudência diabólica entrou em seu coração e, aos pouquinhos, ele se deixou desviar da verdade em relação à paternidade e fidelidade Divina, bem como Seu cuidado providente; agora ele é avaro e ansioso para com o dia de amanhã, completamente diferente de seu querido Senhor, tão liberal. Eis outro homem que costumava orar constantemente. Gostava de orar. Oração era o respirar de sua vida. Aos poucos, porém, houve um deslize da verdade de que "se deve orar sempre e não esmorecer" (Lucas 18:1) e agora a oração é formalidade fria e morta para o mesmo. Um outro costumava ir a todas as reuniões possíveis. Entretanto, começou a negligenciar nessa verdade de que "não devemos abandonar a nossa própria congregação, como é costume de alguns" (Hebreus 10:25) e actualmente prefere ir ao parque, ao rio, ao clube, a assistir às reuniões de cunho religioso. Outro ainda punha-se de pé no momento em que era dada a oportunidade de testemunhar. Onde quer que se encontrasse com um amigo, precisava falar de boas coisas acerca de Deus; aos pouquinhos, porém, deu lugar à "conversação torpe e palavras vãs, coisas inconvenientes" (Efésios 5:4), deixando deslizar a verdade com respeito a falar do Senhor. Por fim, quase se esqueceu das palavras solenes de Cristo Jesus de que "toda a palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia de juízo" (Mateus 12:36). Ele não mais se lembra do que a Bíblia diz -: "a morte e a vida estão no poder da língua" (Provérbios 18:21) e que precisamos deixar "nossa palavra ser sempre temperada com sal" (Colossenses 4:6). Assim, agora ele pode falar com desenvoltura em torno de qualquer assunto, menos o da religião pessoal e santidade. O testemunho de antigamente, que revelava muito pensar e ardor, que comovia os corações, que levava admoestação tremenda a pecadores descuidados, que encorajava a muitos tímidos e fracos e levava ânimo e força a soldados e santos, deu lugar a algumas frases arrumadas que perderam sentido a seu próprio coração. Têm elas o mesmo efeito em uma reunião que grandes blocos de gelo teriam no fogo, sendo tão infrutíferos quanto cascas quebradas de ovos seriam em um ninho de pássaros do ano anterior.
Samuel Logan Brengle (continua).

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