CARACTERÍSTICAS DOS QUE NÃO SE CONVERTEM
(continuação)
4. A superioridade de motivos falsos nos deveres religiosos. Foi esta a ruína dos fariseus. Oh! quantas almas se prejudicam por isso, e infalivelmente mergulham no Inferno, antes ainda de conhecerem o seu erro! Cumprem as suas obrigações e julgam que tudo corre bem, não sabendo que estão a agir apenas sob a influência de motivos carnais. É certo que até mesmo com os que já estão santificados por vezes parecem renascer esses motivos, mas são sempre matéria de ódio e de humilhação e nunca chegam a dominar o espírito. Mas quando a finalidade que leva alguém ao cumprimentos dos deveres religiosos é meramente carnal, como seja a satisfação da consciência, a reputação de ser religioso, ser observado pelo próximo, mostrar os talentos pessoais, evitar a censura de não observar as leis da religião, tudo é sinal de que o coração não é puro. Se és bom cristão, não atendas só às acções, mas também aos motivos.
5. A confiança demasiada na sua própria justiça. É uma perda irremediável para a alma. Quando os homens confiam na justiça própria é certo que esquecem a de Deus. Leitor querido, precisas de acautelar-te, pois não só os teus pecados, mas também as tuas obrigações te podem prejudicar. Talvez nunca pensasses nisso, mas é assim mesmo: tanto nos pode prejudicar a justiça aparente e as supostas graças, como pecados grosseiros, quer dizer, quando se confia tanto nestes como na nossa próprio justiça, para satisfazer à de Deus, apaziguar a Sua ira, procurar os Seus favores e obter o Seu perdão. Isto é pôr Cristo de parte, e arvorar em Salvador o conjunto das nossas próprias graças e obrigações. Tomai atenção, cristãos, pois só quando fizerdes muito e bem, podeis estar seguros de que começais a caminhar para Cristo. Reconhecei então a vossa própria justiça como trapos imundos (Filipenses 3:9; Isaías 64:6).
6. Uma secreta inimizade contra o rigor da religião. Muitos, pontualíssimos nas suas devoções formais, sustentam ainda uma amarga inimizade contra o rigor e o zelo, e odeiam a vida e o poder da religião. Não gostam do progresso nem do movimento, condenando o rigor da religião como singularidade, indiscrição e zelo exagerado, e para eles um zeloso pregador ou um fervoroso cristão não passa dum entusiasta ardente e fanático. Não amam a santidade, como tal, e por isso não é puro o seu coração, seja qual for a opinião que tenham de si próprios.
7. O descanso num certo grau de religião. Quando supõem já ter o suficiente para os salvar, param, como que cansados da graça de Deus, que faz com que o homem aspire sempre pela perfeição (Filipenses 3:13; Provérbios 4:18).
- Joseph Alleine (continua)
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