quinta-feira, 10 de junho de 2010

UM GUIA SEGURO PARA O CÉU

INDICAÇÕES AOS QUE NÃO SE CONVERTEM

2. Procura ter uma noção completa e um sentido vivo dos teus pecados. Enquanto os homens se sentirem oprimidos pelo pecado, não têm vontade de se dirigir a Cristo, à procura do remédio da salvação, nem sinceramente podem interrogá-Lo: «Mestre, que faremos?»

Para poderem voltar à vida, urge considerar a morte espiritual em que vivem. Trabalha, pois, e esforça-te por conheceres devidamente a vida pecaminosa que te atormenta. Não tenhas receio de a contemplar. Faz um exame profundo e rigoroso de todo o teu íntimo, invocando para isso o auxílio do Espírito Santo, com a certeza de que sozinho nada podes, e uma vez que é Ele quem tem o dom de «convencer do pecado». Expõe a tua vida perante a consciência, até que as lágrimas te corram pela face. Não deixes de discutir com Deus e contigo, até que possas exclamar com o carcereiro iluminado: «Que devo fazer para me salvar?»

Primeiramente, vai meditar no número dos teus pecados. David supunha os seus, mais numerosos do que os cabelos da cabeça, e apelava para a multidão das misericórdias divinas (Salmo 51). São mais numerosos ainda que os vermes enxameando um cadáver em decomposição! Não há parte alguma na alma que não seja contaminada pelo pecado. Quantas as dívidas a pagar! Repara em todos os pecados e na sua natureza; em todos os que omitiste e cometeste, quer por pensamentos, quer por palavras, quer por obras; em todos os pecados da mocidade e da idade adulta. Não desesperes, todavia, ao reavivar assim essas recordações da consciência.

Em seguida, vais meditar nas circunstâncias agravantes dos teus pecados, pois são grandes inimigos do Deus da tua vida, e da vida da tua alma; numa palavra, são os inimigos públicos da humanidade. Já David, Esdras, Daniel e os Levitas consideravam o pecado como oposição a Deus e às Suas justíssimas leis. Que prejuízos trouxe ele ao mundo! A morte, a escravidão, as desavenças entre o homem e as outras criaturas, as dissensões entre os homens, pondo em luta as duas partes: material e espiritual, ou seja, o homem e Deus. Como podes, pois, ó pecador, estar tão tranquilo a respeito do pecado? Ele é o traidor que teve sede de sangue do Filho de Deus, que O vendeu, que O escarneceu, que Lhe cuspiu na face, que Lhe furou as mãos, que Lhe atravessou o lado, que O condenou, que O crucificou. É o veneno mortal de tão grande poder e eficácia, que bastou uma só gota, para corromper, envenenar e arruinar toda a humanidade. O pecado é o carrasco sangrento que matou os profetas, queimou os mártires, assassinou os apóstolos, os patriarcas, os reis; que destruiu cidades, subverteu impérios, devorou nações. Seja qual for a arma utilizada, é sempre o pecado o carrasco. E pensas que é coisa de pouca monta? Se Adão e todos os seus descendentes ressuscitassem, nenhum se encontraria isento de pecado. Estuda a natureza do pecado, até que o teu coração se habitue a temê-lo. Pensas nas consequências do pecado, sobretudo na desobediência às ordens de Deus, na falta de oração, de misericórdia, de resoluções, na falta de compromissos. Vê se te envergonhas de tão terríveis consequências!

No fim de contas, quais serão as vantagens do pecado? Clama por vingança do Céu; o seu salário é a morte e a condenação; traz a maldição de Deus sobre a alma e o corpo. A mais pequena palavra ou pensamento que envolva pecado vai cair sob a infinita ira de Deus. Oh! quanta vingança, quantas maldições merecem os teus pecados| Oh! julga-te a ti mesmo, para que o Senhor não te julgue a ti.
- Joseph Alleine (continua)

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