INDICAÇÕES AOS QUE NÃO SE CONVERTEM
10. Faze uma aliança solene entre a tua alma e Deus.
Supõe-te na presença de Deus, sozinho, completamente separado do bulício do mundo, pedindo-Lhe uma assistência especial para no teu íntimo te revelar se existe ou não qualquer apego ao pecado, que possa impedir de te unires a Deus de alma e coração e de O servires com todas as tuas forças em santidade e em justiça até ao último alento de vida.
Prepara o espírito para seriamente te sujeitares a uma completa transformação da mais alta importância. Prepara uma aliança com Deus, mas sempre convicto de que nunca te faltará com a Sua graça e com o Seu auxílio para não faltares tu às tuas promessas. Não confies em ti, mas apenas no Senhor.
Assim preparado, e na presença de Deus, ajoelha-te e eleva esta prece ao Senhor:
«Altíssimo Deus, pela paixão e morte do Teu divino Filho, suplico-Te fervorosamente que aceites este humilde filho pródigo que agora se inclina diante de Ti. Pelas muitas iniquidades que pratiquei sou um filho da morte, e consequentemente merecedor do Inferno. Mas pela Tua infinita graça prometeste-me misericórdia em Cristo, só com a simples condição de me converter a Ti. Por isso à voz do Evangelho, aqui estou a depor as armas e a submeter-me, incondicionalmente, à Tua misericórdia. Em conformidade com uma das condições de paz para renunciar aos meus ídolos e desconfiar de todos os Teus inimigos, aqui estou para do fundo do coração os rejeitar e fazer um pacto solene contigo, baseado nos dois princípios de guerra ao pecado e do cumprimento fiel de todos os Teus mandamentos. E assim como outrora me entreguei desordenadamente aos prazeres da carne, agora submeto-Te o meu coração, declarando na presença da Tua Majestade divina que pela Tua graça estou firmemente decidido a pôr de parte tudo o que ainda me prende a este mundo, para me dedicar só a Ti. Suplico-Te que me auxilies nas tentações que Satanás especialmente vai mover contra mim, mas que estou pronto a repelir com a Tua graça. Sabendo ser inútil a minha justiça, renuncio a mim mesmo, pois não passo duma simples criatura, sem qualquer valia ou merecimento.
«Porquanto me ofereceste gratuitamente a Tua misericórdia, a mim, pobre pecador, para seres de novo o meu Deus, por Jesus Cristo, se eu Te aceitasse como tal, clamo ao Céu e à terra para que sejam testemunhas deste dia solene em que, com a maior veneração inclinando perante a Tua majestade, reconheço como meu Deus, o Deus Pai, o Filho e o Espírito Santo, que de hoje em diante considero como a minha herança e a minha felicidade, e a Quem me submeto de alma e coração, para sempre servir em santidade e justiça».
«E já que designaste o Senhor Jesus como único meio para chegar até Ti, a ele me uno hoje para conseguir tal objectivo».
«Santíssimo Jesus, sequioso, venho a Ti, miserável, cego, corrompido, indigno de lavar os pés aos servos do meu Senhor, mas sinceramente interessado em desposar o Rei da Glória. Mas graças ao Teu amor incomparável tenho a possibilidade de me entregar a Ti, reconhecendo-Te como meu Guia e meu Chefe, para te obedecer sempre e em todas as circunstâncias, acima de tudo e até à morte. Reconheço todos os Teus atributos. Renuncio à minha dignidade para Te considerar como o Senhor da minha justiça. Renuncio à minha sabedoria, para Te tomar por meu único guia. Renuncio à minha vontade para seguir sempre as Tuas leis.
«Já que me disseste que para reinar tenho de sofrer por Ti, esta minha aliança tem a finalidade de me unir a Ti, para tudo suportar, sem nada me impedir, nem a vida, nem a morte.
«Já que Te dignaste orientar-me com Tuas santas leis, para entrar no reino dos céus, no caso de as cumprir, é de bom grado que me submeto ao Teu santo juízo, considerando as Tuas leis santas e justas para me guiar no caminho do bem. Prometo solenemente assim orientar a minha vida, embora por vezes a carne se revolte; mas nada impedirá que despreze os meus deveres. Apesar dessas quedas derivadas à fraqueza humana, respeitosamente me submeto à Tua vontade, pedindo perdão dessas faltas involuntárias para não faltar à minha aliança.
«E agora, Deus omnipotente, que penetras o íntimo dos corações, em face desta aliança que efectuei livremente, de bom grado e sem qualquer reserva, sou a suplicar-Te que me indiques qualquer falta, por leve que seja, que ainda possa manchar o meu coração.
«Pai amantíssimo, a quem desde hoje considero Deus e Pai, toda a glória Te seja dada por permitires a volta ao rebanho duma ovelha perdida. Glória a Ti, Filho de Deus, que me lavaste do pecado, no Teu precioso sangue, tornando-Te meu Salvador e Redentor. Glória a Ti, divino Espírito Santo, que pelo Teu poder omnipotente me desviaste o coração do pecado para Deus.
«Ó alto e poderoso Jeová, Pai, Filho e Espírito Santo, meu amigo e meu Aliado desde hoje, pela Tua infinita graça tornei-me Teu servo. E que a aliança que fiz na terra, seja ratificada no Céu. Amém».
Como amigo e conselheiro, gostaria que esta aliança se efectuasse não só por palavras, ou por escrito, mas também por obras, e que no coração a tivesses sempre presente para a ela recorreres nas dúvidas e nas tentações.
- Joseph Alleine (continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário