Breves Palavras A Usar Por Um Pecador Ainda Não Convertido
(Continuação)
O pior é que eles são muitos e fortes! As areias do mar são muitas, mas não são fortes; as montanhas são fortes, mas não são muitas. Mas os meus pecados são numerosos como as areias e grandes como as montanhas. O peso excede o número. Melhor fora que as rochas e as montanhas caíssem sobre mim, do que ter de suportar o peso dos meus pecados! Senhor, como vou tão carregado! Tem piedade de mim! Vem em meu auxílio, ou então morro pelo caminho! Alivia-me deste pesadelo, desta carga imensa, ou então, falto de forças e de esperança, ver-me-ei rapidamente na senda que conduz ao Inferno! Oh! se fossem postos numa balança os meus pecados, seriam mais pesados que a areia do mar. Por isso se abismam as minhas palavras, mais pesadas ainda que todas as rochas e colinas. Ó Senhor, conheces bem as minhas infinitas transgressões e os meus enormes pecados!
Oh! minha alma! Oh! minha glória! Como estais humilhadas! Outrora glória da Criação e imagem de Deus, agora lugar de imundície, vaso de podridão, repleto de repugnantes e infétidas miasmas. Que transformação se operou em ti após o pecado! Poderão chamar-te "Abandonada"; à morada das tuas faculdades talvez caiba o nome de «Desolada» e tu simplesmente «Ichabod», que quer dizer «Onde está a tua Glória?» Como foi tão grande a tua queda! A minha beleza transformou-se em deformidade, e a minha glória em vergonha! Senhor, que miserável leproso eu sou! Os corpos ulcerosos de Job e de Lázaro, não eram tão repugnantes aos olhos dos homens, como eu sou aos olhares de Deus, que não suporta a iniquidade.
E que consequências tão funestas me trouxe o pecado! Senhor, que situação a minha! Humilhado pelo pecado, fora das graças de Deus, maldito do Senhor, maldito no meu corpo, nos meus bens, nas minhas relações, enfim, em tudo o que possuo! Os meus pecados são imperdoáveis, e a minha alma está a dois passos da morte. Que devo fazer? Para onde hei-de ir? Que caminho posso seguir? Deus a espreitar-me do Céu, o demónio a esperar-me no Inferno, a consciência a bater-se dentro de mim, e as tentações e os perigos a rodearem-me constantemente. Para onde fugir? Onde esconder-me da omnisciência divina? Quem me defenderá da omnipotência de Deus?
-Joseph Alleine (continua)
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